Com a prisão do Governador José Roberto Arruda, a renúncia do vice-Governador Paulo Octavio, e a posse do Presidente da Câmara, Wilson Lima, como substituto dos dois, no governo do Distrito Federal, a questão da intervenção federal se coloca na ordem do dia. E, naturalmente, não faltam aqueles que se opõem a essa medida.
O mais
forte argumento contra a intervenção é o de que ela ameaça a
autonomia política do DF, pela qual todos nós tanto lutamos. No
sentido mais amplo desse argumento, a intervenção marcaria o
fracasso da política, a falência da democracia, e reforçaria a
idéia de uma “salvação” a partir de cima, autoritária e
anti-política.
Entretanto,
esse argumento não se sustenta. Mais um ou dois meses de desgoverno,
sob a batuta de um deputado do “baixo clero”, politicamente
isolado, farão muito mais para “derrotar a política”, para
falir a democracia, e para reforçar a idéia de que os
representantes populares são incapazes de governar.
A
verdade é outra. O Distrito Federal já se encontra, há
longo tempo, sob intervenção. A intervenção de um “consórcio
de empresários”, como muito bem o caracterizou o nosso partido: um
grupo de empreiteiros de obras públicas, açambarcadores do
transporte público, fornecedores de serviços de vigilância, asseio
e conservação, informática, especuladores imobiliários, enfim, de
vencedores de licitações, se assenhoreou do GDF; o governador em
exercício é parte integrante dessa intervenção. É nossa tarefa
derrotá-la.
Derrotar
essa intervenção exige desmontar os mecanismos espúrios que
permitem aos empresários do “consórcio” dominar a máquina
pública do DF e utilizá-la em seu proveito. O primeiro passo,
evidentemente, é tirá-los das posições em que podem impedir a
faxina política do DF.
O
segundo passo é estabelecer os mecanismos legais e
administrativos que permitam um controle firme dos trabalhadores e da
população sobre as contas do GDF, a fim de que os governos de
consórcios empresariais se tornem mais difíceis de estabelecer e
mais fáceis de destituir.
Sabemos
que é impossível abolir a corrupção enquanto vivermos sob a
égide de um sistema capitalista, um sistema que tudo transforma em
mercadoria. Sabemos, porém, que a luta contra esse sistema passa
pela luta contra as suas manifestações mais espúrias, tais como a
defraudação da soberania popular por quadrilhas de empresários que
vemos no Distrito Federal.
Destruir
esse esquema corrupto significa levar o (des)governo Wilson Lima ao
isolamento, à derrota e à deposição. O caminho correto,
hoje, é construir um amplo movimento popular pela intervenção
federal. Pois a intervenção federal não é um fenômeno abstrato:
imposta autoritariamente contra a vontade da população, configura
de fato um fracasso da democracia; reivindicada e conquistada pelos
trabalhadores organizados, constitui uma vitória da soberania
popular contra os que dela abusam para aumentar seus patrimônios
pessoais.